quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

AS PALAVRAS DE "MARCITO"


A situação já andava pesada no Brasil havia quatro anos. O golpe militar de 1964 marcou o início de um período de "chumbo" no país e servio de "escolinha" para os regimes autoritários que se seguiriam pela América do Sul, como ocorreu no Chile, na Argentina, no Uruguai, na Bolívia e no Paraguai.
No dia 30 de agosto de 1968, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi fechada e a Universidade de Brasíilia (UNB) foi invadida pela Polícia Militar, que espancou vários estudantes.
Considerando a gravidade dos dois acontecimentos, no dia 02 de setembro daquele ano, o então Deputado Márcio Moreira Alves, o "Marcito", como era carinhosamente chamado, fez um discurso propondo um boicote por parte da população às comemorações do Dia da Independência (07/09), crticando, inclusive, os militares.
O discurso do deputado Márcio Moreira Alves, proferido no dia 02 de setembro de 1968, segue abaixo:

"Creio haver chegado, após os acontecimentos de Brasília, o grande momento da união pela democracia. Este é também o momento do boicote. As mães brasileiras já se manifestaram. Todas as classes sociais clamam por esse repúdio à violência.
No entanto, isso não basta. É preciso que se estabeleça, sobretudo por parte das mulheres, como já começou a se estabelecer nesta Casa por parte das mulheres parlamentares da Arena, o boicote ao militarismo. Vem aí o Sete de Setembro. As cúpulas militaristas procuram explorar o sentimento profundo de patriotismo do povo e pedirão aos colégios que desfilem juntos com os algozes dos estudantes. Seria necesário que cada pai e cada mãe se compenetrasse de que a presença de seus filhos nesse desfile é um auxílio aos carrascos que os espancam e metralham nas ruas. Portanto, que cada um boicote esse desfile.
Esse boicote pode passar também às moças, aquelas que dançam com cadetes e namoram jovens oficiais. Seria preciso fazer hoje no Brasil com que as mulheres de 1968 repetissem as paulistas da Guerra dos Emboabas e recusassem a entrada à porta de sua casa aqueles que vilependiam a Nação. Recusassem a aceitar aqueles que sillenciam e, portanto, se acumpliciam"

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